sábado, 4 de dezembro de 2010

Decisão: escolha ou figura de linguagem?

Pois dizendo sim, diz-se não. Sorrindo, esconde-se. Viver tem suas mortes. Decidir tem seus destinos.

Quando é, então, que a decisão decidirá definitivamente?

Preferimos mais opções, dificultamos até optar por nada.

A mudança, fruto da decisão, propriamente dita, é diferente. Incerteza. É, eu diria isso, incertamente fez-se o que é certo.

Agora é hora, não há mais tempo, tome a decisão! A pressão é o único conforto, não importa quanto tempo temos para decidir, enquanto não o fazemos há pressão.

Há uma relação entre decisão e renúncia.

Há uma escolha por renunciar.

Enfim, decisão: o eufemismo da renúncia.

terça-feira, 2 de novembro de 2010

Sem mais...

domingo, 31 de outubro de 2010

Eu existo...

Gostaria de postar um trecho da música “Sentado à beira do caminho” de Roberto Carlos e Erasmo Carlos. Por sinal uma grande poesia que retrata uma verdade. Há momentos na vida em que nada mais parece fazer sentido. E tudo o que nos perguntamos é “tá! E pra que tudo isso?”. Afinal, qual é a finalidade de termos tantas obrigações e deveres. Bem, ainda não encontrei respostas, mas eu EXISTO, e preciso VIVER essa existência, apesar de tudo que pode nos abater, precisamos fazer tudo isso valer a pena. Aqui vai uma palavra de encorajamento, para mim também, nunca panse que as coisas poderiam ser melhores ou iguais sem você. A sua existência pode ter alterado a história do mundo, mesmo não percebendo isso. Entre o saber qual é o sentido e não saber, podemos dar esse sentido.

Preciso acabar logo com isso
Preciso lembrar que eu existo
Que eu existo, que eu existo…

Vem a chuva, molha o meu rosto
E então eu choro tanto
Minhas lágrimas
E os pingos dessa chuva
Se confundem com o meu pranto…

Olho prá mim mesmo e procuro
E não encontro nada
Sou um pobre resto de esperança
À beira de uma estrada…

sábado, 2 de outubro de 2010

Quero simplesmente viver...

Quem tem um amigo, mesmo que um só, não importa onde se encontre,
jamais sofrerá de solidão; poderá morrer de saudades, mas não estará só. Amir Klink


A falta de vida em minha vida, hoje, faz-me perceber a distância de um caminho percorrido sem marcas. A viagem já começou, mas não presenciei nada. Estou imóvel, sentado na poltrona de um trem em movimento, com as cortinas fechadas.
Minha bagagem ainda permanece sem alterações, nada foi tirado e nada acrescentado. Não carrego lembranças dos lugares por onde passei.
Senti outro clima, me aqueci em tempo frio, até ouvi outros sotaques. Mas nada direcionado a mim, apenas presenciei a vida de outros. E censurei, critiquei, e selecionei quem poderia se achegar a mim, por consequente, não há quem tenha se achegado.
Hoje, queria contar para alguém o que ocorreu, mas não há quem. Queria dividir a barra de chocolate, mas acabo guardando para o próximo filme sem comentários. Queria pedir dois sabores em uma pizza, mas só gosto de um. É difícil ter vida sem gente.
A solidão é boa, quando é alternativa. As coisas saíram do controle, e a alternativa foi selecionada. Estar na solidão, sem a escolha de não estar torna isso muito mais vazio e agustiante.
Acredito que na próxima estação haja a opção de um próximo destino, para um novo horizonte. De começar as coisas de novo, e de reparar os erros.
Não quero mais apenas analisar, esperar o tempo passar e escrever sobre. Quero estar inserido nesse contexto, quero poder estar ocupado para simplesmente analisar. Não quero apenas escrever sobre, quero contar minha experiência.
Mas enquanto isso, cá estou eu, analisando, esperando o tempo passar e escrevendo sobre.

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

A Revolução dos Bichos

ORWELL, George. A Revolução dos Bichos. São Paulo: Companhia das Letras, 1ª edição, 13ª reimpressão,2007.147.

Após anos de exploração a que os humanos os submetiam, os animais iniciam uma revolução na Granja do Solar. Com a intenção de iniciar um novo tempo de igualdade entre todos, eles se apoderam da fazenda. Acreditando sempre que os humanos eram os vilões. Porém em um curto período o poder sobe a cabeça dos animais que lideravam, no caso os porcos, e inicia-se um movimento de manipulação e corrupção, abusando da ignorância dos outros animais para se favorecer. Inserida em um contexto histórico polêmico, a narrativa é uma metáfora da revolução Russa Soviética publicada em época da Guerra Fria.

O livro é dividido em 10 capítulos numerados, cada qual apresenta acontecimentos narrados em terceira pessoa focando especificamente no ambiente da Granja do Solar, que é o local onde ocorre a história.

O início dá-se em um dia comum de trabalho quando, o Sr. Jones, dono da granja, recolhe-se ao anoitecer, logo os animais se reúnem no celeiro a pedido do Major, um velho porco com grande reputação entre os animais, que lhes contaria um sonho que tivera na noite anterior, o mundo sem o homem. Nesse encontro o Major passa toda a visão da revolução e a liberdade de que os animais podem gozar se viverem independentes. Os porcos, considerados os mais inteligentes, acabam dando segmento aos ensinamentos do velho porco que três dias após falece durante seu sono. Entre os ensinamentos que deixara citava o dever de inimizade para com o homem.

A rebelião ocorreu após a morte de Major, a qual botou Jones para fora da fazenda, os tornando aparentemente livres. Na parede do fundo do celeiro foram escritos os mandamentos deixados pelo Major, os quais eram: 1. Qualquer coisa que ande sobre duas pernas é inimigo./ 2. O que andar sobre quatro pernas, ou tiver asas, é amigo./ 3. Nenhum animal usará roupa./ 4. Nenhum animal dormirá em cama./ 5. Nenhum animal beberá álcool./ 6. Nenhum animal matará outro animal./ 7. Todos os animais são iguais. Pelos quais os animais tinham muito respeito. Até que os sete mandamentos são sintetizados na máxima que regia o chamado animalismo “quatro pernas bom, duas pernas ruim”.

Sr. Jones tenta recuperar a propriedade, mas é vencido pelos animais na “Batalha do Estábulo”. O cavalo Sansão e o porco Bola-de-Neve são homenageados pela coragem que demonstraram durante a luta. Logo, Mimosa, uma égua, vai para a fazenda vizinha, conquistada pelos mimos dos homens que lá habitavam. Surgiu então, a idéia da construção do Moinho de Vento. Os animais ficam em dúvida quanto a novidade.

Bola-de-Neve e Napoleão fazem suas campanhas políticas, o primeiro conquista os bichos com suas palavras, já Napoleão, usou a força de cães para expulsar Bola-de-Neve na granja e é colocado automaticamente no posto de líder. Desde então os animais passam a trabalhar ainda mais, para construírem o moinho. Gradativamente vão se esquecendo de como eram os tempos com Sr. Jones, e como a maioria deles não aprendeu a ler, os mandamentos vão sendo modificados conforme Napoleão e os assessores vão agindo fora dos princípios estabelecidos inicialmente. Os porcos começam: a negociar a produção da granja, a morar na residência do Sr. Jones, dormir em camas, usam roupas, bebem uísque, relacionam-se com homens. Os bichos são facilmente convencidos de que estavam interpretando errado, e os poucos que sabiam ler se omitiam. Tudo de errado estavam acontecendo na fazenda, alguns animais são executados, culpados de traição, e tudo que os animais percebem de errado atribuem a culpa a Bola-de-Neve. Tempos após, acontece outro ataque dos humanos, e apesar das perdas os bichos vencem, porém, desta vez tudo o que havia sido construído do moinho é destruído, e além de sofrerem as privações de ração ainda trabalham na reconstrução desse projeto. Sansão era sempre respeitado por tudo que dedicava aos trabalhos na fazenda, assumiam os jargões elaborados pelos donos do: “trabalharei mais ainda” e “Napoleão tem sempre razão”, houve um dia em que Sansão sentiu-se mal e precisava de cuidados, então os porcos chamaram o grande veterinário, Benjamim que era o burro, e sabia ler, avisou a todos que a carroça na havia escrito “Matadouro de Cavalos”, mas mais uma vez Garganta convenceu a todos de que o escrito era velho, o veterinário apenas não o cobrira. Poucos dias depois chega a notícia que Sansão havia morrido, e o porcos recebem uma caixa de uísque.

A esta altura o único mandamento que não fora adulterado era o sétimo. Em uma noite, os porcos receberam visitas de humanos. Os vizinhos elogiaram muito pelos métodos que desenvolviam na granja, "... os animais inferiores da Granja dos Bichos trabalhavam mais e recebiam menos comida do que quaisquer outros animais do condado.", todos os princípios da revolução estavam adulterados e corrompidos pelas palavras e ações de Napoleão. Os animais observavam de fora a confraternização entre porcos e humanos e se decepcionariam com o que escutaram. “As criaturas de fora olhavam de um porco para um homem, de um homem para um porco e de um porco para um homem outra vez; mas já era impossível distinguir quem era homem, quem era porco.”

Orwell fora perspicaz, quando em um momento insatisfeito escrevera esse conto de fadas, que nada mais é do que um retrato de um ciclo verdadeiro que se repete periodicamente nas diversas sociedades e formas de governo pelo mundo. A insatisfação que inspirou o autor foi o governo de Stalin. Em determinada parte do livro, começa-se a identificar os personagens históricos implícitos aos personagens fictícios que ilustram a fábula, como, Major (Lenin); Napoleão (Stalin); Bola-de-neve (Trotsky); as ovelhas, que repetem sem consciência os lemas; os cavalos com seus tapa-olhos que só conseguem olhar para o trabalho; as galinhas que se perdem na dispersão; o burro empacado em suas verdades; os cães fiéis à guarda de seus donos. A triste realidade que é narrada neste livro, que foi e é realidade até hoje. Revolucionários surgem, persuasivamente juntam pessoas que concordem com suas idéias, logo o poder corrompo o homem, que passa a agir sempre focando em segundas intenções favorecendo projetos, geralmente particulares, e os que trabalharam e acreditaram acabam tornando-se escravos de sua própria revolução.

Escrito com uma linguagem relativamente elitizada, apesar da escolha das palavras serem leves e um texto com erudição suficiente para prender o leitor. Um livro para todas as idades recomendado a pessoas que se interessam com assuntos relacionados a sociologia, filosofia e história.

George Orwell, pseudônimo de Eric Arthur Blair (1903-1950), nasceu na Índia e foi educado na Inglaterra. Jornalista, crítico e romancista, serviu o exército britânico na Birmânia e lutou como voluntário na Guerra Civil Espanhola. Algumas obras: Dentro da baleia e outros ensaios, Na pior em Paris e Londres, A flor da Inglaterra, Dias na Birmânia, 1984 e O caminho para Wigan Pier.

sábado, 25 de setembro de 2010

Parti...


Então me diz qual é a graça
De já saber o fim da estrada,
Quando se parte rumo ao nada?
Paulinho Moska- A Seta e o Alvo

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

se fosse uma carta...

...talvez doesse menos.

Passei horas no quarto, olhando para o teto, tudo permaneceu escuro.

Desliguei o som, silenciei meu eu. Precisava ouvir-te, precisava encontrar-te.

Procurei respostas. Procurei você. Procurei você dentro de mim.

Incansável eterna procura.

Não te encontrei, se queres saber. Apenas percebi falta dos meus pedaços que levaste de mim.

A parte de mim que levaste não foi a capacidade de amar, não foi meu coração. O que levaste foi minha razão, minha racionalidade.

Não posso agora criar qualquer pensamento, tu és minha mente. Te vejo, te ouço, sinto teu toque e teu cheiro. Fez-me escravo. Talvez nem saiba, mas é por isso que escrevo isso.

Ao caminhar na rua, olhar vitrines, ler, automaticamente relaciono a você.

Não há forma de mudar. Sem querer te odeio por isso. Sua falta de importância não me corresponde, e me roubas ainda mais.

Odeio-te por isso. Condeno-me por isso.

Diga-me, imploro, porque me deixaste?

Tudo o que confessei só prova que te amei, além de todo meu coração, de toda minha razão. Entreguei-me. Entreguei-me. Desfiz-me. Dilui-me em você.

- Queres saber?

Teu amor me anulou. Entregaste e não pude te conquistar. Senti-me desmerecer. Nada, nada que eu fazia superava o teu poder de amar. A tua entrega se chocou à minha falta de coragem.

“Evitei que seu brilho ofuscasse o meu, mas amei você...pode agradecer”.

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A última frase do texto é um trecho da música ''Pode Agradecer'' de Jay Vaquer.

domingo, 29 de agosto de 2010

Senão sonhar...

"Nunca se afaste de seus sonhos. Porque se eles forem, você continuara vivendo,

mas terá deixado de existir." Mark Twain


Amanhã pode ser que minha coluna não doa mais. E se continuar a doer, caminharei assim mesmo. Alimentado foi. Talvez mais do que deveria. Cresceu e passou a ocupar lugar fora de mim, sobre mim, porém nada palpável.

Partes dele caíram, e para não ficar incompleto, adaptou-se. Nem tudo que idealizei correspondeu à realidade. Agora que grande está, dentro de mim já não cabe mais, carrego sobre meus ombros, e pesa o vazio interno.

Olham e pensam em como pareço cansado sem nada fazer, apenas sonhar. Sonho, sonho, cresce e pesa.

Tenho esperanças de vê-lo, um dia, realizado, pronto para gerar novos sonhos. Um período de inicia, por hora o mais difícil. Definir os sonhos. Minhas aspirações me soam desprezíveis, me machuco, desprezando a mim próprio. Sonho abstrato de mais.

A incansável frustração, e a ação interferente da tolerância me levam a carregar esses sonhos, talvez eu permaneça tempos inerte, talvez faça adaptações, talvez. A certeza é que não os deixarei. No processo de criação de um sonho, despejo uma parte de mim, crio uma espécie de ligação, que se caso os largasse, seria como deixar parte de meu ser. Parte essa que sentirei falta.

Preciso agora de esperança, o que eu chamaria de fertilizante para um solo onde há sonhos. Carrego-os fora de mim, porém só os verei reais quando dentro de mim reencontrarem espaço e amadurecerem.

Carrego sonhos, que por não se tornarem reais, pesam sobre meus ombros.

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Hoje gostaria de adicionar um comentário à postagem. Para quem não sabe hoje é meu aniversário. E como em outros anos, acordei sabendo disso, mas nunca aparenta. Recebi então uma surpresa de meus amigos. Realmente são grandes marcadores de histórias, foi um dia incrível, muito feliz, no qual encontrei mais forças para enfrentar tudo o que me diz ser impossível. Obrigado a todos que se fizeram presente de alguma forma neste dia. Minha esperança foi renovada. Tão abstrata que nem se pode explicar. Mas senti, e foi o bastante.

sábado, 21 de agosto de 2010

O amor não...

Benjamin Constant
"(...) Todo sentimento precisa de um passado pra existir
O amor não, ele cria como por encanto um passado que nos cerca
Ele nos dá a consciência de havermos vivido anos a fio
Com alguém que a pouco era quase um estranho
Ele supre a falta de lembranças por uma espécie de mágica...
"

domingo, 8 de agosto de 2010

pai.

quando tudo é negação. tua voz me encoraja a prosseguir.

sábado, 7 de agosto de 2010

Vai Saber...


“Nada como um amor não correspondido para tirar todo o sabor do sanduíche de manteiga de amendoim…” -Charlie Brown-


Não sei lidar com determinados sentimentos. Então, quando os sinto, os percebo como conflitos.

É sobre pessoas.

Nem todas as pessoas têm sensibilidade sobre seus próprios sentimentos. Muitas vezes é como se não os sentissem. Talvez não os sintam.

Eu tenho o péssimo hábito de idealizar as pessoas às minhas necessidades. Não relevo o fato de elas viverem como eu, e estarem no mesmo ambiente que eu, e de terem vindo de outro lugar, que não do meu.

Costumo moldá-las, dentro de mim, àquele alguém que seria a resposta para minha indagação. Moldá-las às minhas carências e afeições.

Conseqüente, acompanha-se a frustração.

Por ora esse alguém não é quem você idealizou. Por ora este mesmo marca sua vida com um profundo sentimento de insignificância, seguido de uma atitude de força e orgulho provinda da sua parte.

Porém, mesmo desse modo, a importância daquela pessoa dentro de você não muda. Você poderia estar por anos longe dela, mas ficaria por anos falando dela como se ainda estivesse em contato.

A verdade é que preciso de pessoas a minha volta, e não aceito o fato de não poder estar sozinho, quando tudo o que vejo é contrário ao que sinto.

Queria falar desse assunto em forma de conto ou crônica, mas precisava ser bastante claro. Pois, às vezes minha interpretação falha.

sexta-feira, 30 de julho de 2010

Sentido?


É, estou aqui, sozinho, é madrugada, ouço músicas, escrevo, leio. A mesa está uma bagunça, cheio de papeis e copos.

Já ásperos meus olhos se mantêm abertos, apesar do sono a angústia me mantém despertado.

O sentimento agora é confuso, é triste, é leve e manso. Meus olhos se lubrificam com as lágrimas que se juntam.

Não há um motivo, talvez seja isso o que mais me incomoda. Gostaria de saber o motivo pelo qual sofro. Pelo qual sofro em gritante silêncio.

Bate sem ritmo, desacelerado, forte. Parado.

Não sei. Meus dedos estão frios assim como a ponta do meu nariz. Isso não me incomoda. Não sei.

Caminho entre o vento e o prazer. Tenho a impressão de que as coisas apenas aquecem para que possam ser resfriadas. São construídas para que possam ser destruídas. São escritas para que possam ser apagadas. São sentidas para que possam ser desprezadas.

Combater, combater, correr, correr. Parar. Sem respirar.

O computador entra em modo de espera, a tela apaga-se, escurece mais ainda. Permaneço. Cego de mim mesmo.

Seja lá o que estiver acontecendo, se é angústia ou apenas o inverso da alegria. Felicidade, pois, vejo que não é.

Tão só. Opaco. Reluz a frustração. Deixa ver o que se é.

O prólogo da morte passar, e não o desfrutar.

Força. Foco. Mude. Ação.

Não há sumário. Não há história. São as páginas turvas do meu futuro. É a página branca de um epílogo.

quinta-feira, 22 de julho de 2010

verdade?


Julgo ter sido muito verdadeiro, e ter amado pessoas com verdade. Mas são justamente dessas que sinto falta. Talvez essa verdade não seja suportável.
Será que posso instaurar o que considero verdade?
É verdade o que vivo, tenha esta verdade o significado que tiver. Prefiro não imaginar que vivo no engano.
Sem mais para o momento. Meus pesamentos me desmentem.

terça-feira, 20 de julho de 2010

a vocês...

...que me fazem mais feliz.

Sinceramente, acho um assunto difícil de falar. As palavras perdem o sentido, espero não estar exagerando. Mas é o que sinto.

Eu costumo dizer que não posso ser tudo, então vem sempre alguém e trás a parte que faltava.

Sabe aquele que sempre está por perto e quando você menos imagina é a mão que te ajuda a levantar. Aquele que não mede esforços para te ver sorrir, e mesmo não sendo correspondido sorri com toda a alegria possível. Ou então aquele que te irrita tanto que você não quer mais vê-lo, mas mal se passa um dia e já sente falta do seu modo único de irritar. Alguns que estão lá longe, e que embora não saibam você ainda fala deles como se eles estivessem ao seu lado (essa distância nem sempre é espacial ou física). Aqueles cuja imagem nunca lhe saíra da memória, e com peso se lembrará das tipicidades e do sorriso verdadeiro. Aqueles que demonstram sua importância te dando palavras de ânimo e afirmação. Aqueles que te conhecem a ponto de saberem quando você precisa deles. Alguns cuja relação não é constante, mas que marcam profundamente sua vida. Aqueles que na veia corre o mesmo sangue, e aqueles que são irmãos sem terem o mesmo sangue. Os tolerantes de plantão para um possível desabafo. Os professores de alguma coisa, por menor que seja, marcaram. Os que dividem o palco. Os companheiros de não se fazer nada junto, ou os companheiros de trabalho. Os inteligentes que sempre sabem do que estão falando, e os sábios que nunca erram o momento de dizer. Os confidentes, que podem te fazer passar vergonha, mas nos quais a sua confiança está. Os loucos e desequilibrados nos quais você encontra o equilíbrio. Os que te dão força apenas de estarem com você, e os que te fortalecem de outro jeito. Aqueles que por vezes nem sabem, mas estão mudando sua vida. Os antigos, que há muito não te vêem, mas que reconheceriam sempre. Os da infância, que corriam e caíam junto, ou os que conhece a pouco, mas é como se fosse de infância. Aqueles que ficam rindo por horas de coisas sem graça, ou que passam a madrugada contando histórias, filosofando ou pirando mesmo. Alguns que não tem nada em comum, e outros que parece o imitar. E há um invisível, palpável e o mais louco que eu conheço (Deus).

Certamente não apenas eu a pensar assim. As coisas precisam ter um sentido, e sempre há alguém que dá sentido a elas.

Não há outra coisa a dizer senão obrigado, por eu poder amá-los, amigos.

20/07 - Dia do Amigo

"A amizade não se busca, não se sonha, não se deseja; ela exerce-se (é uma virtude)." Simone Weil

sexta-feira, 16 de julho de 2010

Tic tac da dor.

"Os dias talvez sejam iguais para um relógio, mas não para um homem." (Marcel Proust)

Não há melhor remédio que o tempo. Pois eu discordo.

Inicialmente considera-se uma hipótese, apenas depois de aprovada é que se pode ter como uma teoria. Como eu a aprovei, esta é minha teoria.

Quem é que nunca ouviu “o tempo cura toda dor” naqueles momentos em que nada é pior do que saber que terá de esperar o tempo passar para que as coisas voltem ao normal. Pois bem, não desprezo a ação do tempo. É um fator primordial, pois com o passar a dor ameniza, na verdade aprende-se a conviver com ela, dificilmente pára de doer, mas é uma adaptação, para suportá-la.

Li a seguinte afirmação: O tempo não cura nada, ele apenas desloca o incurável do centro das atenções. Concordei plenamente, a achei esclarecedora para o que eu vinha pensando. Quando se afirma que apenas desloca, dá-nos a possibilidade de resgatarmos, ou seja, mexermos nessa dor. Aí sim é que considero a cura.

Alguém foi humilhado na frente de todos os seus colegas de departamento por uma pessoa que você, e a maioria, consideravam desprezível, porém é de um cargo acima, apenas o que se pode fazer é baixar a cabeça e sentir a dor. Por que não dizer que sofreu uma decepção amorosa. Com o tempo a dor ameniza-se, mas se algo relacionado a esses assuntos surgir vem à tona a lembrança dessas dores.

Após ser humilhado, esse alguém, passa a estar mais tímido e com dificuldades de falar em público novamente, até que um dia, outro alguém de um cargo acima o aceita, afirmando e ajudando com que essa dor seja cicatrizada. Um novo amor surge, e com toda compreensão o ajuda a transpor o que se tornara um medo. Não digo que praticaram atos de amor, com pena, mas fizeram a coisa certa, tocaram no ponto crucial.

Toda ação segue de uma reação. Digamos que a reação não ocorra. Para moldar a lataria amassada de um carro é preciso que se bata no mesmo lugar, mas do lado oposto. Aí acredito que esteja o segredo, o lado oposto. Se for traído, precisa ser amado, se foi humilhado precisa ser afirmado. A cura vem quando a ferida é resgatada e limpa, põe-se o curativo, e cicatriza-se. O antídoto para uma picada de cobra é feito do seu próprio veneno, mas com efeito contrário. Como usar antônimos.

Logicamente as coisas não são tão simples assim, toda dor trás consigo uma lição. É a lição que nunca se esquece, ou que não deveria ser esquecida, pois pode ajudar a prevenir novas feridas.

Espero que tenham entendido minha “teoria”, talvez não concordem. É uma questão de vivência.

segunda-feira, 12 de julho de 2010

minha lua.

"A Saudade é a nossa alma dizendo para onde ela quer voltar." Rubem Alves

Não me faça esperar. Só porque você sabe que eu esperarei.

À noite, no terraço, assento-me sobre uma velha caixa. Contemplo nada mais nada menos que uma rainha. A lua estava surpreendente, conversei com ela.

O vento passeava e esbarrava em meu rosto, que já estava seco, pois o frio era intenso. A luz tênue aterrorizava a cidade, resumida em pontos de luz. A chuva ameaçava cair.

Esse momento me reservou a solidão. A saudade nunca suprida. Mas o vento trouxe seu cheiro, como o de flores espalhando-se ao meu redor.

Sinto agora suas mãos acariciando minha face, você belisca meu pescoço, eu rio. Sentir seu cafuné é inconfundível. Minha amada. Minha amada imortal. Conhece-me como ninguém.

Você se abaixa e repousa as mãos sobre minhas pernas. Está de frente para mim agora. Seus olhos estão mais negros que o normal, e sua pele lindamente branca. Seu peito eleva-se vagarosamente com um respirar pesado. Vejo teus cabelos de breu dançar ao vento.

Você está bem? - eu pergunto. Você olha ao redor. Eu sabia que não teria resposta, mas precisava arriscar. Suas mãos estão gelando minhas pernas. Sinto calafrios. O silêncio é a reposta que ouço.

Comprimo meu corpo para aliviar o frio. A chuva cai. Meu rosto lava-se. Ela olha firmemente meus olhos. E entendo o que quer dizer. Uma lágrima escorre. Gentilmente toca minha face para secar a lágrima que se confunde com a chuva. Logo, seu corpo desvanece. Sua imagem se perde ao vento. Sua memória fica em minha mente. Seu amor permanece vivo em mim.

João Lucas Cruz Castanho

sábado, 10 de julho de 2010

Falso Alívio

"Só há um tipo de amor que dura, o não correspondido" Woody Allen

Estive fugindo das mágoas

Camuflei-me com imagem de felicidade

Ludibriava quem enxergava externamente


Nessa ilusão

Desprezei os cortes que em mim se abriram

E a cada vez, mais profundos seguiram


Um precipício em mim se abriu

Minha alma jorrava como sangue

Dos cortes agora um buraco


A morte é mais fácil, é rápida

A vida é pesada e vagarosa

E como em um falso alívio

O sangue parou de jorrar

Os cortes secaram


Mas o tempo se fora

Tarde é, agora, para desabafar

Quando em minhas veias

Sangue mais não há.


[Autoria de Tatiana Waslov. Visitem o blog dela: http://sovocenaosabe.blogspot.com]

quinta-feira, 8 de julho de 2010

Caleidoscópio

Helena Kolody - 1970

A cada giro de espelhos,
muda o vitral da vivência.
Não permanece a figura.
Nem um desenho regressa.

domingo, 4 de julho de 2010

Sentidos Insensíveis


Acordei estranho, levantei-me e fui tomar banho, inicie minhas atividades normalmente, porém havia uma diferença.

Com o passar do tempo notei que as coisas estavam esvaziando. As flores estavam inodoras, o céu preto e branco, o algodão áspero, o doce amargou e o silêncio está gritante.

Assustadoramente passo a procurar onde está o problema. Encontrei um ser seco. Encontrei-me pela metade. De sentidos insensíveis.

quarta-feira, 30 de junho de 2010

"Sentimentalizando"


.quando o que se tem não mostra o que se sente, ou o que se é.

terça-feira, 29 de junho de 2010

O que o tédio me obriga a escrever...


Não quero uma sala lotada
De pessoas e conversas vazias
De risadas cruas, mortas, frias
E sentir no tudo a abundância do nada.

Não quero o canto das aves
Desenhando uma paisagem cinza
Não quero o 'vá logo!', o 'demora!', o 'ainda?'
Não quero ir ao céu por meio de naves.

Não quero uma rotina estabelecida
Onde o avesso seja dito certo
E me obrigue a deixar concreto
Um poema que nasceu sem vida.

[postagem do blog Devaneios de um Adolescente,
cujo link encontra-se na coluna à direita]

sexta-feira, 25 de junho de 2010

Eu te Paixão.

"Amor é quando alguém te magoa, e você, mesmo muito magoado, não grita, porque sabe que isso fere seus sentimentos" - Mathew, 6 anos


Era uma vez uma menina, ela era apaixonada por um menino. Esse menino queria jogar futebol, e a deixou. FIM.

Era uma vez a paixão. Por favor, peço à paixão que me poupe de sofrer. A paixão mata. A paixão amedronta. A paixão não se expressa. E paixão é apenas jogada, impensada, é forte demais para ser refletida, a paixão é o ápice, é o começo, esperando que não tenha nunca fim.

Tristemente digo, não há o que me faça entender, esse louco medo de me apaixonar, isso se deve ao fato de eu já o estar. E não saber o controlar. Lidar com uma paixão é sempre uma surpresa. Se for paixão é inesperado. A indefinição se resume no quase “insentido”. De tão frio que amortece, de tão quente que machuca. A paixão é uma inspiração. Faz-nos escrever, pois falar não há. De repente vazio, de repente abundante.

Ah... Quem aqui souber controlar os impulsos de uma paixão levanta mão!

Há quem compare paixão ao amor. Há quem diga que a paixão não tem o que ver com este.

E por que não dizer que o amor é a paixão amadurecida, que o amor é morte da paixão? É a dor de uma não correspondida?

Não há razão quando se fala em amor. Não há amor quando se fala em razão. Os motivos para amar são os mesmos motivos que me fazem respirar, o amor é profundo, o amor é tolerante, o amor não é metade.

Amar é surpreender-se com a capacidade de ser a manifestação do amor. Amor é o sentimento, os outros são consequências do excesso ou da falta deste.

A falta de coesão deste texto deve-se ao fato principal. O que nos move, é o amor, amor é sem coesão. Amor é juntinho, mas é tão espaçoso e pesado quanto um piano. Mas é preciso aguentá-lo, ou então não haverá canção.

Amor não tem fim. Esse texto tem um fim antes da conclusão.

Era uma vez uma menina, ela amava o menino. Ele queria jogar futebol, mas o brilho nos olhos dela o fez ficar. FIM.

João Lucas Cruz Castanho